Quando o assunto é cannabis medicinal no câncer, a ciência fala mais alto que o preconceito.
Durante anos, o uso da cannabis na medicina foi cercado por estigma e desinformação. Mas as evidências científicas vem virando esse jogo. A maior meta-análise já realizada sobre o tema — publicada em abril deste ano na Frontiers in Oncology — analisou mais de 10 mil estudos revisados por pares e trouxe um resultado inquestionável: há um consenso científico cada vez mais forte sobre os benefícios terapêuticos da cannabis no contexto do câncer.
E não estamos falando apenas de alívio de sintomas como dor, náusea, vômitos ou perda de apetite. O que também impressiona é o potencial anticancerígeno direto da planta. Segundo a análise, compostos da cannabis — como os canabinoides THC e CBD — mostraram potencial para:
– Inibir a proliferação de células tumorais
– Reduzir a formação de metástases
– Induzir a morte programada de células cancerígenas (apoptose)
– Promover um ambiente menos inflamatório, dificultando o avanço da doença
Em linguagem clara: a cannabis não apenas pode ajudar a aliviar o sofrimento — mas também pode ter uma atuação diretamente contra o câncer.
Cada estudo que questiona a eficácia da planta é superado por outros três que apontam resultados positivos. Isso mostra que estamos diante de uma virada de chave na oncologia, que precisa ser encarada com responsabilidade, ética e, acima de tudo, mente aberta.
É hora de olhar para a cannabis não com os olhos do preconceito, mas com o rigor da ciência e a compaixão da medicina. Pacientes oncológicos merecem acesso a todas as ferramentas possíveis — especialmente quando elas vêm da natureza e são respaldadas por evidências robustas.
A cannabis não é mágica. Mas negar seu potencial é fechar os olhos para uma medicina mais humana, mais integrada e mais eficaz.
Ref.: doi.org/10.3389/fonc.2025.1490621