Seu exame está “normal”? Cuidado: isso não significa que sua saúde esteja!
Interpretar exames vai muito além de olhar os números. Requer experiência clínica e conhecimento atualizado. Isso porque os “valores de referência” usados pelos laboratórios são, na verdade, médias estatísticas que incluem pessoas saudáveis e doentes. Sim, você leu certo: muitas vezes a faixa considerada “normal” é uma média da população geral — o que significa que o ponto de corte pode estar muito longe do ideal para você.
Pior: quando um exame mostra que está “dentro da faixa”, isso não significa que seus níveis estejam ótimos. Um bom exemplo é a testosterona. A faixa de referência costuma ir de 300 a 900 ng/dL. Mas estar ali, perto dos 300, mesmo sendo “normal”, pode indicar um quadro clínico de deficiência, especialmente se você sente cansaço excessivo, falta de libido, perda de massa muscular ou dificuldade de concentração.
Uma pesquisa publicada em 2022 no Journal of Urology analisou homens entre 20 e 44 anos e mostrou que a referência padrão de 300 ng/dL está ultrapassada. Para homens jovens, o nível ideal deveria ser muito mais alto:
Veja os intervalos mais comuns por faixa etária:
– 20-24 anos: 409–558 ng/dL
– 25-29 anos: 413–575 ng/dL
– 30-34 anos: 359–498 ng/dL
– 35-39 anos: 352–478 ng/dL
– 40-44 anos: 350–473 ng/dL
Ou seja: um homem de 28 anos com 325 ng/dL está tecnicamente “normal”, mas está fora do que seria saudável para sua idade. E pode estar sofrendo os efeitos disso!
Chegou a hora de repensar os critérios. Exames devem ser interpretados com contexto, sintoma, histórico e ciência atual.
Se você não se sente bem, mas seus exames “estão normais”, confie no que seu corpo está dizendo. Pode ser que você precise de um olhar clínico individualizado!
No Brasil, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) recomenda a reposição apenas em casos de hipogonadismo confirmado, com sintomas clínicos e níveis de testosterona total abaixo de 240 ng/dL.