A creatina está saindo da academia e ganhando espaço na saúde mental. E com boas razões.
Já conhecida por seu papel no desempenho físico e no suporte à massa muscular, a creatina agora vem sendo estudada como coadjuvante no tratamento da depressão — e os resultados são animadores.
Um estudo recente, publicado em janeiro de 2025, avaliou pessoas com depressão moderada a grave que estavam em terapia cognitivo-comportamental (TCC), divididas entre um grupo que recebeu creatina e outro que tomou placebo. Após oito semanas, ambos melhoraram, mas quem suplementou creatina teve uma redução significativamente maior nos sintomas depressivos.
Mas o que a creatina tem a ver com depressão?
A resposta está na bioenergética cerebral. A depressão não é só um desequilíbrio químico — é também uma condição marcada por baixa energia funcional no cérebro, especialmente no córtex pré-frontal, a região que regula humor, tomada de decisão e motivação. E a creatina atua justamente nesse sistema energético, ajudando a recarregar as “baterias” neurais por meio do sistema fosfocreatina-ATP.
Além disso, ela apresenta efeitos neuroprotetores: reduz o estresse oxidativo, a inflamação cerebral e ainda modula neurotransmissores importantes como a serotonina e a dopamina — ambos diretamente ligados à depressão.
Isso pode explicar por que o cérebro responde melhor à psicoterapia quando apoiado por uma base metabólica mais eficiente. A combinação de energia celular restaurada, proteção neuronal e melhora na regulação química favorece o processo terapêutico e a recuperação emocional.
E mais: a creatina foi bem tolerada, sem efeitos colaterais relevantes, o que a torna uma opção segura e acessível dentro de um plano integrativo para a saúde mental.
⚠️ Vale lembrar: mesmo com alimentação equilibrada, muitas pessoas não conseguem atingir os níveis ideais de creatina — seja por baixa ingestão ou dificuldade de absorção. Por isso, a suplementação com orientação pode ser uma aliada importante.
Ref.: DOI: 10.1016/j.euroneuro.2024.10.004